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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Longao 30K

Já havia quase um mês do último longão de 25K que eu havia feito. Dia 1º de Abril vou fazer a Meia Maratona Villa de Madrid e precisava fazer um simulado. Sexta-feira a noite então decidi fazê-lo, junto com um longão. Perguntei a minha esposa, "Amor, se eu for até Mira correndo vc vai me buscar depois?", sinceramente não tava muito afim de ir e voltar no mesmo percurso. Mas como sábado não é dia de acordar muito cedo, decidi fazer um percurso no qual já havia pensado e nunca feito: Praia da Barra, Vagos, retornando a Barra. Eram 30Km, muito chão pra quem já havia feito o último nem tão longo 25K há um mês. Na pior das hipóteses se eu não aguentasse podia ainda ligar a minha esposa me buscar.
Arrumei então o equipamento necessário: Mochila de Hidratação 1L d'água, Cinto com 3 garrafinhas 115ml com Maltodextrina, documentos pessoais, algum dinheiro, faixas refletivas (iria sair antes de clarear o dia), meu novo Asics Gel Blackhawk 5 (presente dos meus pais), meia, calça térmica, camisa de manga curta, camisa de manga longa, protetor de orelhas, luvas e o armband com meu telemóvel. Ufa, é coisa hein? Bom, mas pra um longão "solo" temos que estar preparados. Acordei umas 6h15 da manhã, breu total lá fora, me arrumei, fui pra fora, tava frio, +/- uns 5ºC, liguei o telemóvel pra ir pegando o sinal do GPS enquanto alongava (alemão pão duro não tem plano de dados pra usar AGPS, ehheh).
Sai por volta das 6h55, escuro ainda, num ritmo bem confortável pra início, mas tinha quase certeza de que não iria aguentar 5'50min/km até o fim. Atravessei a ponte de Barra e saí em direção ao Largo da Bruxa, porém ao invés de ir pela avenida principal, decidi pegar uma estrada de chão margeando a ria, isso mesmo, RIA, rsrs. Tenho que dizer que é bom demais às vezes não correr no asfalto. Lá pelas 7h30 próximo à Gafanha do Carmo, eis que aparece o astro rei dando sinal de vida. Mais um bocadinho e vejo um moliceiro, barco tradicional da Ria de Aveiro, utilizado antigamente para retirar o moliço (uma espécie de alga) utilizada para fertilizar a terra.
Assim, completei os primeiros 10K em 58min já lá na Gafanha da Vagueira. Virei à esquerda em direção ao Parque de Campismo, depois à direita em direção a um parque num pinheiral gigante, onde fizemos o primeiro aniversário do nosso miúdo cá em Portugal (pena não ter tirado foto do parque). Logo à frente virei à esquerda novamente em direção à Vagos, margendo o pinheiral.
Eis que de repente começo a sentir um bocado de frio nas mãos e tive que recolocar as luvas ora tiradas. Não era à toa que estava tão frio, havia geado na noite anterior. Continuei, mas o ritmo já havia diminuído um pouco.
Virei no sentido do Santuário da N.Sra.Vagos, em vez de prosseguir em linha reta para o centro da cidade. Passei por vários campos esperando ansiosos por serem cultivados. E o ótimo de correr por estes lados, neste horário é que quase não se encontra um automóvel. Além disso, em muitos casos há uma ciclovia margeando as rodovias nacionais. Afinal de contas, segurança em primeiro lugar. Pelo quilômetro 17, chego ao belíssimo Santuário. Sua relva sempre bem aparada, e esta igrejinha impecavelmente bem conservada transmitem uma paz incrível. Fiz um agradecimento rápido e segui em frente, agora com trajeto já de retorno, porém não pelo mesmo caminho.
Acho entediante ir e voltar pelo mesmo caminho, procuro sempre variar o trajeto. Passei então pelos fundos da fábrica de porcelanas Vista Alegre sentido Gafanha d'Aquém, onde há uma churrascaria brasileira chamada Estrela do Sul, bem famosa por aqui, com seu simpático Juca Bala. Viro à esquerda então sentido Gaf.Encarnação. Logo em seguida, ciclovia novamente, muito bom não precisar se preocupar em subir e descer calçadas ou ficar a desviar dos carros. Até então o treino estava a decorrer ótimamente, já tinham-se ido as garrafinhas de Malto, e era altura de apelar para um dos sachês de Carbogel que minha esposa havia trazido do Brasil. Também já havia ultrapassado a distância da Meia Maratona, em 2:04:24h, novo recorde pessoal mundial :) Pelo quilômetro 25, já começo a sentir uma leve dor nas panturrilhas, que viria a me acompanhar até o final do treino, hora de tomar o último Carbogel. Km 26, mais uma foto da rotunda com outro Moliceiro. Do outro lado da rotunda, não dá para ver na foto, duas quadras de tênis e um local onde ainda hoje algumas pessoas vão lavar suas roupas. Já estou chegando perto de casa, e ainda não acredito que consegui chegar até aqui. Subo a ponte em direção à Barra, último quilômetro, falta pouco. Km 30, quase à porta de casa, hora de parar. Resultado final, 30Km em 3horas 2minutos e 26segundos, pace de 6'05/Km e velocidade média de 9,87Km/h, muito melhor do que eu esperava. Simplesmente não há palavras para descrever a sensação de dever cumprido, de superação, de prazer endorfinado. Obrigado Deus por me conceder a motivação e força necessárias para me superar a cada dia.
A propósito, o que você achou desse relato? Dê sua opinião (sincera, seja boa ou ruim) nos comentários abaixo.  São sempre muitíssimo bem vindos. E obrigado por ter lido meu relato até o fim :) Abraços e boas corridas !!!

3 comentários:

  1. Viva Frank,
    Quando estudei em Aveiro as minhas corridas eram outras pelo que tenho pena de não conhecer estes percursos que falas neste post. Gostei muito de ler e parabéns pela determinação! Boa sorte para Madrid!
    Abraço
    Mark

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  2. Obrigado Mark, vamos ver se consigo fazer sub 2h:)

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  3. Acompanhando seu blog e seus esforços por aqui. Grande abraço!

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